quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Desabafo, apenas... Desabafo.


Não sei se ainda consigo fingir que isso não está me machucando. Ei, eu não sou tão fabulosa assim. Sofro meio calada no meu canto, não quero incomodar com o barulho do meu discreto soluço. Mas a verdade é que ando me sentindo sem valor. Parece que o mundo inteiro é mais legal, inteligente, sarado e bonito. E eu aqui, decadente, com o esmalte roxo descascado, um mpb invadindo o meu quarto, o yorgute de ontem quente em cima da cômoda que nem foi mexido e um vinho que estava em promoção num copo colorido. Eu e uma solidão assustadora. Eu e pensamentos estranhíssimos. Mas sou estranhíssima, vivo em um mundo estranhíssimo e gente assim tem vida estranhíssima, logo, pensamentos estranhíssimos. Então está tudo bem. Será que está mesmo? Será que estamos bem? Será que sobreviveremos? Será que sobreviverei? Não sei e nunca saberemos. Mas tento viver e renascer todos os dias. Pelo menos tenho consciência que não estou apenas sobrevivendo. O sobreviver aos dias é que deve ser amargo e quase deprimente. Sobreviver dói demais, pois o peso da vida é todo colocado em cima dos ombros. Viver e renascer, essa é a grande mágica, essa é a grande lógica, essa é a grande questão, e essa nem é minha vontade.
Sou forte demais para me entregar e fraca demais para suportar alguns fardos sem derramar um punhado de lágrimas.
Já cheguei a cogitar inúmeras hipóteses estúpidas, mas nunca chego a uma conclusão definitiva. Sei que nesta vida temos nossos carmas, cruzes, resgates e aprendizados. Tento fazer o que posso e aproveitar cada lição que me é ofertada, mas não sou perfeita e nem sempre tenho a fé necessária para acreditar. E eu sei (eu sei!) que preciso acreditar. Só que às vezes dói tanto, às vezes a aflição é tão grande e me domina de uma tal forma que não sei se vou suportar, e não suporto. E choro, e grito, e sinto dor em gritar (porque esse maldito furo na minha garganta dói pra caralho), e tô sozinha, tão sozinha, mas tão sozinha que nem meu gato está do meu lado.
Sinto saudade, estranheza, necessidade de me ter de volta. Sinto dor por estar presa nessa teia maligna. Sinto desespero por estar em um labirinto escuro, sem ninguém para me pegar no colo e dizer fica calma, isso vai passar. Isso não passa. Isso vai e volta. Isso muda de cara, de nome, de força. Isso cresce e se transforma. Mas isso nunca me deixa. Então eu reúno meus pedacinhos, que já estão cansados dessa luta diária e sem fim, e continuo a caminhada. Porque sei que isso vai passar, afinal, me ensinaram que tudo na vida passa.

(Espero que seja logo.)

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