sábado, 14 de janeiro de 2012

Estamos virando a ficção




Assistindo a essas reportagens... O que me espanta é que a gente se espante. Há uma normalidade profunda na vida desses traficantes e suas ligações com a policia. Por que nos espantamos? É tudo tão normal, tão previsível... É preciso que os poderes parem de considerar o tráfico apenas um caso de polícia. A tese é assim: o traficante é um homem que caiu em pecado, transgrediu a lei e tem de ser punido pelos homens de bem. Isso é apenas a metade da verdade. As velhas verdades não bastam mais. Novos conceitos têm de surgir para dar conta dos fatos novos. O mundo do tráfico, do crime nas periferias, já é um novo país, uma nação desgraçada onde o único comércio lucrativo é o pó. Esse país tem leis próprias, moral própria, associações entre pobres de farda e pobres no crime. A solução só poderá vir pelo reconhecimento desta nova pátria miserável. Ou pela legalização das drogas, ou então por uma guerra profunda, feita de armas, fronteiras vigiadas e mais importante: o saneamento da miséria. Porque a verdade é que esse novo país está virando a realidade. E nós estamos virando a ficção.

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